Republico com muito prazer o artigo do nobre colega Clotenir Rabelo, pois este conseguiu expressar com maestria em palavras todo o nosso sentimento com relação a defesa da seleção e do concurso público.
De modo geral, as pessoas mais silenciosas e contemplativas conseguem escutar/perceber sinais que a maioria não consegue. Penso que compartilho dessas características, sem falsa modéstia. Daí me achar no direito de dizer “sem medo de ser feliz” que é inegável a existência de qualquer coisa de novo na cidade. O uso irrestrito da expressão “novo” na maioria das vezes faz a palavra perder seu sentido e esconde práticas que nada de novo tem, pelo contrário, oculta-se pensamentos e ações estranhas sob o termo para ludibriar as pessoas, como um slogan que lança sombras sobre a verdade.
Saber discernir quando se faz bom ou mau uso dessa ideia é, de fato, um exercício necessário. Expresso esse sentimento para falar de práticas atuais que em muito me faz sentir satisfeito, ainda que considere a necessidade de se levar um tempo para amadurecer e solidificá-las com qualidade e de forma mais planejada.
Acho que entre tantas coisas boas que vem sendo lentamente instaladas, fazendo brotar realmente ares novos, o esforço da gestão municipal de, sob protestos de parcela de pessoas e sob aplausos de outros, dar cabo à tarefa de selecionar docentes por meio de seleção pública (e oxalá se transforme em concurso público) é qualquer coisa de novo em nossas vidas mediante o marasmo vivido nos últimos anos. Parece que, presos a detalhes pequenos, a maioria das pessoas não tem mensurado o poder revolucionário dessa micro atividade. Uma pequena parada por parte dos indivíduos envolvidos na questão pública e nas políticas sociais poderia ser suficiente para que contemplasse a forte mudança de cultura política que se processa a partir desse feito.
Para facilitar o entendimento do que visualizo talvez seja importante utilizar imagens mais claras. Seleções públicas e concursos são em muito transformadoras de culturas, desde que sejam executadas com rigor e seriedade. Elas têm o poder de alterar as relações políticas, porque não haveria mais espaço para o jogo do “toma lá, da cá”, que nessa nova conjuntura perde sua força na barganha entre eleitos e eleitores. O veículo de garantia de trabalho nas gestões municipais não seria mais esse, nem os empregos seriam moedas de troca. Um alívio imenso para políticos sérios e uma praga para políticos viciados, que se alimentam desse vício insano desvirtuando eternamente a prática política e se colocado com reféns dela, como já tratei noutro texto.
De fruto, com a incorporação de atividades de seleção para o acesso a cargos públicos os jovens de Icapuí e demais interessados em trabalho não viveriam sob o signo do funcionalismo fantasma, nem dos “cartões azuis”, nem do empreguismo desqualificado, torcendo que venha um mal entendido candidato lhe oferecer algo espúrio. Não tenho dúvida que muitos dos nossos munícipes abandonaram os bancos da escola e dos espaços de formação por crerem que sob a mão protetora de certos padrinhos teriam de certo emprego sem exigências de qualificação. Como tem situações assim.... Tem mais ainda situações contrárias, indivíduos que muito pouco levaram a sério os estudos e que a bem pouco tempo exigiram e assumiram postos de trabalham sem ter a qualificação necessária. Uma doença que se espalhou por todo nosso território.
Com a permanência de seleções públicas, os jovens entrariam, sim, com afinco na empreitada de se qualificar para conquistar espaços de respeito como profissionais públicos por meio dessas seleções. Um ganho para este município de um valor sem medida tenho certeza. De quebra, desde cedo, as crianças e adolescentes nem pensariam em correr o risco de não estar na escola porque precisariam crescer e se tornar pessoas capazes, humanas acima de tudo, mas inteligentes e eficientes profissionais futuros. E isso não significaria necessariamente ser funcionário da prefeitura municipal, como muitos hoje não o são, porque cresceram dentro de uma cultura diferente e lutam por novos espaços onde quer que sejam. Os pais, por sua vez não mendigariam nas portas dos prédios públicos empregos para seus filhos. Estimulariam seus meninos e meninas a serem bons desde os primeiros anos da escola. Uma ganho ainda maior para a educação municipal. Ninguém ficaria “sentando nesse apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar”, como canta o poeta. Pelo contrário, a experiência de seleções para ter oportunidade de trabalho seria uma experiência de cidadania, competitiva e qualificada, onde todos pudessem mostrar suas habilidades e competências e atingir degraus maiores no serviço público.
Mais cedo ou mais tarde quem sai ganhando em tudo é a população. E no caso da seleção dos docentes em Icapuí, ganha mais ainda nossos filhos por terem a chance de ter melhores professores. Independente do exercício que é lento de cada vez mais e melhor se fazer atividades de seleção para o ingresso ao serviço público municipal, eu, como estudioso da política e gestão municipal, prefiro ficar com a esperança de que esse exercício se qualifique e seja compartilhado por todos, gestores e munícipes, como o melhor caminho, ao invés de lado de fora tecer teses apologéticas às práticas anteriores demonstrando que estamos “sentindo saudades das cebolas do Egito”, como muitos ainda tem o “disparate” de fazer. A seleção de professores para mim é sim algo novo no âmbito municipal, no sentido positivo da palavra, reeditando alguns esforços anteriores mal realizados. Torço para que se firme como política pública de recrutamento de bons e apaixonados professores para nossas escolas.
Por Clotenir Rabelo - Educador
Retirado do Blog: acidadeicapui.com
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