ARTIGO: Uma Reflexão Sobre a Seleção de Docentes.

Nos últimos 11 anos os jovens e a população em geral de Icapui tiveram castrado o direito de participar de qualquer tipo de seletiva que o permitisse ter acesso a trabalhar no serviço público municipal, através do mérito e/ou competência. Em quase duas gestões passadas esse acesso teve como via única e exclusiva o critério do voto, ou seja, só trabalhava no serviço público aqueles que votavam e/ou defendia o governo posto, eram os chamados “soldados”. 

Esta prática é algo passível de muitos questionamentos e ilações por parte de qualquer cidadão com o mínimo de discernimento. Como pode em pleno século 21, os governos ignorarem de forma tão desrespeitosa a Constituição Federal no seu Art. -37 que diz: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” e o inciso II que especifica: “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos”, é como se o público fosse privado, “como disse um amigo no twitter, é como se competência tivesse partido”. Foram muitas as vezes que fomos às barras dos tribunais através do sindicato e/ou através do nosso mandato questionar essa prática nociva ao serviço público, através de denúncias no Ministério Público, na Procuradoria Geral do Estado e uma ação civil pública implementada em 2007 que aguarda posição da justiça. 

O mais emblemático nisso tudo é que parte significativa da população parece que assimilou essa cultura de que a coisa pública deve ser tratada dessa forma, basta ver os protestos de parcelas das pessoas a despeito da seleção. Na construção de uma nova mentalidade, estão os que aplaudem essa iniciativa - ainda que tímida- se comparada à necessidade de se mudar o status-co impregnado no nosso meio. Essa dicotomia da cabo da tarefa da Secretaria de Educação em selecionar docentes por meio de seleção pública, atendendo o que esta posto na lei municipal Nº 525/2010. Entretanto, isto nos deixa uma reflexão muito clara, os críticos que desconhecem o novo momento que vive o município de Icapuí, precisam no mínimo melhor fundamentar sua critica sob pena de caírem no descredito perante a relevância do processo seletivo para a mudança do paradigma local. 

O governo Jerônimo tendo a perspectiva de reconstruir os alicerces da cidadania do nosso povo, deverá ter sempre a sensibilidade e o compromisso para compreender que o governo que ora se instala, não poderá ser em hipótese alguma um governo para uma família, para grupos ou para alguns abastados, mais sim um governo voltado para todos num universo de atitudes que se destine a atender as expectativas da coletividade, maximizando as ações implementadas no cotidiano da população. 

Compreendemos que a seleção teve alguns percalços que são passiveis de críticas no sentido de aprimorá-la quando da realização de outras, mas que na sua essência atendeu as expectativas da coletividade, que era oportunizar a todos aqueles que, com muita dificuldade, conseguiram galgar um curso superior, de forma a reunir qualificação para o desempenho do trabalho docente, independente da sua opção partidária, raça ou cor.